domingo, 18 de julho de 2010

Voltar a ser o que é, no lugar que é dele



Após um longo inverno, volto a escrever neste blog que já perdeu todos os raríssimos leitores.

Para marcar o retorno glorioso, mundial e histórico do "De Gioino a Bizu", usurpei um texto do Mauro Beting publicado em especial da revista Placar em 2003 sobre a volta do clube a primeira divisão.

Nessa publicação, o jornalista escreveu um texto sobre cada partida do Palmeiras na Série B. O texto abaixo é sobre o jogo contra o São Raimundo, o quarto do clube no campeonato, logo após um começo trágico (empates com Brasiliense e América-RN e derrota para o Naútico) e a eliminação dos gambás da Libertadores daquele ano para o River Plate.

Tristes tempos, mas após a contratação do Felipão, Kléber e talvez Valdívia, é sempre melhor lembrar que dias melhores virão!!!hehehe...


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O Primeiro jogador dos 12 (Por Mauro Beting/ Especial Placar 2003)

Os Rolling Stones lançam um CD de pagode- e ruim. Fazem shows caríssimos de 13 minutos e desafinados. Lançam um DVD de má qualidade que danifica os aparelhos. No ano seguinte, lançam um unplugged com os piores momentos do CD de pagode, e ainda pedem para a Mariah Carey e o Lacraia regravarem todos os sucessos deles.

Resultado: shows hiperlotados, vendas de CDs duplicados, fãs com as camisas da banda pelas rua, Luciana Gimnez cotada para a Academia Brasileira de Letras.

Absurdo? No pop, no cinema, na mídia, na vida, claro que é. No futebol, pergunte ao palmeirense que levou quase 20 mil pessoas por jogo na Série B. Não existe nada comparável à solidariedade do torcedor de futebol. O que o palmeirense fez pelo time, talvez nem as inesquecíveis Academias dos anos 60/70, ou a Via Láctea montada pela Parmalat, merecesem tata festa, tanto amor, tanto apoio.

"A paixão é apaixonante", arrepiou-se Orestes Friugiele, filho de um ex-presidente do clube. O time se encantou pela torcida, e começou a jogar por ela. O primeiro grande resultado veio com o primeiro grande público no Parque Antárctica. O Palmeiras passou como quis pelo São Raimundo, com três gols de Diego Souza, num esquema tático 3-5-2-14445.

Os 14 445 palmeirenses fizeram de tudo. Antes do jogo, um protesto pacífico pela situação do clube e do time- e que situação tem o clube no poder, que sufoca e impede qualquer oposição. O palmeirense vestiu a camisa e jogou melhor que o time. Sacou que ou jogava por ele, ou seria jogado às trevas. Aquele torcedor passional e crítico ao extremo teve que mudar o tom, mais pálido, como o verde da nova camisa. No Palmeiras, a princípio, todo craque é um perna-de-pau. Todo Ademir da Guia é um Darinta, até gols e troféus em contrário.

Sempre foi assim. Sempre será. Menos em 2003. A partir da vitória contra o São Raimundo, o palmeirense mudou para fazer aquele Palmeiras mudar. Melhor: voltar a ser o que é, no lugar que é dele.


Pameiras 4x0 São Raimundo

J: Wágner Rosa; P:14445; G: Diego Souza 46 do 1. tempo; Daniel 22, Diego Souza 37 e 40 do 2. tempo

Palmeiras; Marcos, Alessandro, Daniel, Leonardo e Marquinhos; Alceu, Marcinho, Diego Souza e Anselmo (Élson); Vágner Love (Adãozinho) e Thiago Gentil (Muñoz). T: Jair Picerni

São Raimundo: Flávio, Guará, Ronaldo, Marconato, Rogério e Tita; Isaac, Trindade (Delmo), Neto (Ricardo) e Vlademir, Doriva e Garanha (Reginaldo). T: Aderbal Lana

5 comentários:

  1. Você está fazendo muita falta na mídia palestrina amigo.
    Abraços.

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  2. Saudades do blog. Agora: meu Deus! Jair Picerni fez milagre com esse time.

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  3. Opa, poucos leitores? Eu sempre passava por aqui. continuarei retornando.
    Abraço!

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  4. Apesar de ser santista a coisa que mais gosto nesse blog é relembrar umas pragas que passaram por ai... Tem jogador que você lembrou que hoje em dia praticamente não existe mais no mapa...

    E cadê a reportagem do Rovilson? ahuahuah

    abraços

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  5. Esse jogo contra o São Raimundo teve um importante combustível : dois dias antes , os gambás haviam sido eliminados da Libertadores pelo River Plate , no Morumbi .

    Não fosse isso , pode diminuir o público desse jogo em umas 10 mil pessoas . Nunca vi tanta camisa do River Plate quanto naquele dia , nem em Buenos Aires .

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