domingo, 17 de março de 2013

Entre Maculas e Mazinhos

Não posso reclamar... aos 11 anos assisti maravilhado na frente de uma TV de 20 polegadas uma sinfonia que jamais poderia desfrutar novamente: Palmeiras 6 x 1 Boca Juniors pela Libertadores da América de 1994.
O time bailava em campo, mas Mazinho destoava... era algo profundo, era emocionante, era elegante, era vistoso, era o ápice profissional, era um jogador dizendo que tudo valia a pena quando a alma não é pequena, era um adulto voltando à infância em que jogava descalço com uma bola de meia....
Em nada Mazinho lembrava o jogador inseguro e inconstante de 1992, na partida contra o Boca ele carimbou a vaga para a Copa do Mundo dos Estados Unidos. Nem um pragmático como o Parreira poderia tapar os olhos para uma exibição de gala em estado puro.
Infelizmente tudo seria inferior depois daquela data. Meus padrões futebolísticos se elevaram para níveis insustentáveis. Acabou sendo a alegria de ter tido a oportunidade de acompanhar aquela divindade e a tristeza de ter a certeza de que jamais assistiria algo sequer próximo a tão elevado nível de exibição.
Não é questão de ser saudosista, o Palmeiras-1994 também tinha seus bagres. Um deles foi o Macula, jogador com um nome folclórico que teve o orgulho de vestir rapidamente a camisa esmeraldina no mesmo período do Mazinho.
Acontece que quando os coadjuvantes estão ao lado de protagonistas, eles sentem orgulho de ter a oportunidade de aparecer em um poster de campeão e dar a sua parcela de contribuição por menor que seja. 
Não é problema ter um Macula, Saulo, Junior Tuchê, Alexandre Rosa ou Jean Carlo no elenco. Os bagres sempre existiram!!! Não sou vilões ou heróis, são personagens ao longo de uma jornada. O problema é procurar e não encontrar mais um Mazinho na sua meninice dizendo que chegava lá...

Imagem do post (link): 
jogadoresdopalmeiras.blogspot.com.br/2012/07/macula.html

   


quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Jogos esquecíveis: Palmeiras 3x0 San Lorenzo (Mercosul 1999)

Apenas uma semana após a partida contra o Manchester, lá estávamos nós no Palestra recolhendo os cacos para a partida de volta da Copa Mercosul contra o San Lorenzo (na ida 1x0 para os argentinos).
Na verdade a partida pouco importava. O fundamental era extravasar um pouco da dor acumulada de uma derrota imerecida, das injustiças da vida, de saber que 17 mil estavam juntos no estádio compartilhando da mesma solidariedade...
Do jogo em si me lembro de quase nada. Talvez ainda estivesse anestesiado e com certeza minhas atenções estavam para a arquibancada. Ganhamos de 3x0 (gols de Junior Baiano e Arce (2)) e a Mercosul ainda parecia um amor eterno com o Palmeiras. 
O futuro alviverde parecia promissor apesar do trauma recente de uma semana. Mal sabíamos que acabaria o leite e havia uma década perdida (e muitos times patéticos) no horizonte.  
Não há de ser nada... Um dia a coisa muda, retorna aos eixos e volta a ser o que nunca devia deixar de ter sido e também o que ainda não foi!


Gols da partida: http://www.youtube.com/watch?v=DbAqQMi9WQM

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

1992, o ano do quase


Sexta-feira, 27 de novembro de 1992. Semifinal da Copa do Brasil. Palmeiras x Internacional. Jogo de Ida. Palestra Itália. 13.572 pagantes. Cesar, Dida, Edinho Baiano, Toninho, Mazinho, César Sampaio, Carlinhos, Cuca, Zinho, Jean Carlo e Magrão.
O time entra em campo. Uma queima de fogos gigantesca. Devem ter sido uns 2 minutos de barulheira que pareceram 2 horas (para meus padrões infantis). Talvez o maior espetáculo da Terra!
Resultado final: Palmeiras 0x2 Internacional. Porca miséria! Deu tudo errado! Pô Cuca... e aquela faixa que você me prometeu nas comemorações de seus gols?

A sorte nos abandonou. Mas ainda tem mais...Domingo, 29 de novembro de 1992. Agora é Campeonato Paulista. Última rodada do Quadrangular Semifinal. Panetone. Palmeiras x time do Governo Federal (já eliminado). O Palmeiras lidera o grupo e é só ganhar pra garantir o lugar na final!!! Perdemos... pqp, o Guarani vai nos passar! Não passou!!!!! Também perderam!!!! Estamos na final!!! A sorte voltou!

Sábado. 05 de dezembro de 1992. Campeonato Paulista. Três cores x Pameiras. A final! A redenção! Já estou imaginando eu indo até a banca para comprar o poster dos campeões verdes! É nosso e ninguém tira!
Começa o jogo. Pqp, Cafu 1x0. GOL! Empatamos! Daniel Frasson!!! 1x1!!!! Pqp, Raí desempata para os 3 cores... 2x1. E pra "melhorar" tudo o Mazinho ainda é expulso ainda no primeiro tempo.
Começa o segundo-tempo. O time é valente e parte pra cima. Evair perde uma cabeçada na cara do Zetti (esse cara nunca vai ser decisivo em uma decisão!!!!). Opa... espera aí...EMPATAMOS!!!! Zinho! Zinho! Zinho! 2x2!!!!  É um sonho!!! No peito e na raça!! Também merecemos nosso lugar ao sol!!! Que explosão! Que alegria!
Não foi...desempataram com aquela sorte que é característica deles. Raí aos 38 e aos 46 do segundo-tempo. 3x2 até que não parecia ser tão ruim. Dava pra virar na outra decisão. Mas 4x2 com um gol no finzinho doeu demais.
No jogo de volta também não deu. Perdemos de novo e o sonho de ir até a banca comprar o poster do título ficou adiado para, no mínimo, mais 6 meses. Moleques da elite quatrocentona é que fizeram o que eu queria ter feito. Pô... isso não é justo. Sempre que precisávamos da sorte, ela dizia "Ciao, bello" e nos dava as costas.

Hoje percebo que aquelas derrotas de 1992 foram as sementes amargas que fizeram nascer os mais belos e impensados frutos. Que graça teria encerrar o jejum ganhando a Copa do Brasil de 1992 em cima do Fluminense? Ou então vencer um time do Jardim Leonor recém-campeão da Copa Toyota? Não, não, não... Teria que ser perfeito! Contra o império do mal em um Dia dos Namorados para provar o quanto éramos apaixonados por aquela camisa!

A sorte e a felicidade não haviam nos abandonado. Essas duas impostoras apenas estavam aguardando o momento ideal para aparecerem imponentes no gramado, na arquibancada e... na banca de jornal!


sábado, 3 de novembro de 2012

Francis Sabonete

Um das promessas alviverdes que... ficou só na promessa.
Talvez mais uma das pratas da casa que não deu em nada (ou muito pouco perto do que se esperava). Puxando pela memória me recordo de alguns nomes da extensa lista de expectativas frustadas: Pedro (lateral direito que surgiu como ótimas expectativas em 2002), Chu (meio campo atacante que surgiu entre 2001 e 2002), Ferragem (volante da época do Taddei e últimos anos da era Parmalat), Chocolate (esse acho que pouquíssimos se lembram dele, surgiu na Copa São Paulo de 1994 ou 1995), Daniel Lovinho (atacante que não sabia chutar), Zé Love (o sucessor do Mustafá para a saída do Vagner Love),  Ilsinho (pulou o muro em 2006), Reinaldo (volante que surgiu muito bem em 2005 e depois sumiu), Romarinho (promessa atual há uns 5 anos que praticamente virou água), etc, etc, etc...
Para não ser injusto com o pobre Francis preciso dizer que ele também teve seu dia de Ademir da Guia em um jogo: Palmeiras 3x0 Fluminense pelo campeonato brasileiro de 2006. O jogador partiu do meio de campo driblando todo mundo e fez um golaço.
Infelizmente pouco para quem foi uma esperança por tanto tempo. Era apenas um jogador razoável, esforçado e meio ensaboado (entenderam a piadinha infame???).

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Acorda Amor!


Foi em chute de Elivelton que tive a minha primeira grande decepção com os esmeraldinos. O ano? 1995! E pela primeira vez a palavra tristeza tinha um significado forte.
Aquele 1995 foi acidentado desde o início. Algumas apostas equivocadas em técnicos e jogadores mostravam que não seria o passeio dos anos anteriores. Mas em 1993 e 1994 eu havia aprendido que no final o "bem sempre vencia o mal". Devia até ser um versículo em algum lugar da Bíblia: "Bem-aventurados os verdes que sempre derrotarão o dragão alvinegro maligno e a soberba em três cores".  Não era para ser sempre assim?
Admito que não posso reclamar de nada. Afinal de contas pequei um dos 3 melhores momentos da história. Obviamente as Academias I e II só acompanhei em revistas e fitas cassestes, porém os anos 1990 desfrutei cada minuto comemorando com muitos copos de leite e biscoitos. Enquanto tínhamos Djalminha e Rivaldo, os 3 cores atacavam com Valdir Bigode e Bentinho e os alvinegros defendiam com Gralak e Alexandre Lopes. Doces caneladas!
Mal sabia em 1995 que aquela derrota não era tristeza pra valer (ou nada comparado com os dias atuais). Não lamento por mim, lamento por um nova nova geração que precisa provar seu amor pelo verde muito mais do que eu precisei. Lamento porque enquanto escrevo essas linhas digitais cheias de erros gramaticais, cerca de 40 ou 50 vitalícios debatem formas de reerguer o clube seus poderes. Poderes construídos em anos dourados (enquanto vibrávamos na Paulista, acordos escusos eram tocados, selados e fechados).
Bem...o que dizer? Acorda amor! Ponha a roupa de domingo e não me esqueça. 

Acorda Amor (Chico Buarque)
(...)
Acorda amor
Que o bicho é brabo e não sossega
Se você corre o bicho pega
Se fica não sei não
Atenção
Não demora
Dia desses chega a tua hora
Não discuta a toa não reclame
Clame, chame lá, chame, chame
Chame o ladrão, chame o ladrão, chame o ladrão
(Não esqueça a escova, o sabonete e o violão)

sábado, 11 de agosto de 2012

Anos esquecíveis: Palmeiras-2007

Pode até causar estranheza, mas guardo com certo carinho o Palmeiras-2007. Depois de um 2006 horrível, não havia muita perspectiva para o próximo ano.
Me lembro muito bem que jogadores que não eram (e nunca foram) nada, rejeitavam jogar no Palmeiras. Um desgraçado ficou na minha memória: o tal Carlinhos Bala que preferia ficar na reversa do Cruzeiro do que jogar no Palmeiras. Hoje alguém sabe onde está esse cara?
Fiquei muito contente quando a contratação de Caio Júnior foi confirmada ainda no final de 2006. Nos dias de hoje já sabemos que o Harry Potter não é lá essas coisas, mas naquele ano o educado técnico tinha levado o limitadíssimo Paraná Clube para a Libertadores e parecia uma ótima opção da nova safra de técnicos.
Se não me engano o alviverde ganhou todos os jogos contra o time da marginal em 2007 e teve boas vitórias ao longo do ano. Contudo tinha uma maldita mania de entregar jogos decisivos e ficar sempre no quase (o pior foi a derrota para o galo mineiro em casa na última rodada).
Hoje podemos admitir que aquele Palmeiras não tinha time (ou elenco) para ser campeão. O craque (meio decadente) era o Edmundo, o goleiro absoluto foi o Diego e a promessa Valdívia finalmente estourou. De resto não tinha muita coisa: destaco o meia Caio, o irregular Martinez, o feijão com arroz do Michael, o Alemão parecia uma boa aposta (infelizmente não teve tempo) e com muita boa vontade talvez o Rodrigão. Teve também um tal de Luis Henrique que veio do São Caetano e fez vários gols nos primeiros jogos e depois sumiu.
Obviamente times campeões são os que ficam na memória, mas pelo menos o Palmeiras-2007 não nos fez sofrer tanto como o Palmeiras-2006 (e um outro time ainda caiu no final daquele ano...).

Desafio: alguém sabe quem é o obscuro jogador deste post? O cara apareceu do nada, foi titular em umas 2 ou 3 partidas do Palmeiras e depois sumiu de novo. Mistérios de 2007...



sexta-feira, 27 de julho de 2012

O primeiro Betinho


Hoje o termo "Betinho" é sinônimo de herói improvável para todos nós palestrinos. O futebol é injusto e sensacional por isso: até mesmo os Jorges Preás da vida possuem seu dia de Ademir da Guia e podem ficar marcados de forma positiva por ao menos um jogo ostentando verde.
Porém o tema do post não é o Betinho atual, mas o primeiro Betinho que jogou pelo Palmeiras entre 1990 e 1992.
Como minhas lembranças infantis podem trazer distorções, prefiro não opinar tanto sobre o Betinho I. Porém achava ele um bom jogador e foi a primeira dupla de ataque que ficou gravada na minha memória Betinho e Careca Bianchesi (era quase um Pelé e Garrincha para mim).
Não tenho certeza, mas parece que o Betinho já tinha ido embora quando as primeiras caixas de leite da Parmalat chegaram em Perdizes. Alguém confirma ou desmente?
Talvez esse Betinho tenha sido bem melhor que o atual, mas venhamos e convenhamos, o antigo jamais teve o momento de herói que este teve no dia 11 de julho de 2012.

Imagem retirada do site Baú do Micheletti: http://blogs.band.com.br/baudomicheletti/2012/07/13/outro-betinho-do-verdao/

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Basílio e a camisa estranha

Beppe, acorda! É um sábado de fevereiro, mas não precisa dormir tanto! Abre a janela e levanta... levanta que já são quase uma da tarde.
05 de fevereiro de 2000. O sol está brilhando forte como um dia de verão que é. O alviverde joga hoje, mas é nas piscinas do clube que a animação está maior. É melhor assistir ao jogo contra o Vasco pelo torneio Rio São Paulo ou tomar coragem para pular do trampolim de 10 metros? Esse time vale meus dez reais? Apesar dos pesares o jogo ainda é a melhor opção. Sempre foi!
Volto minhas memórias para um mês e meio atrás. Os meus heróis começam a passar na tesorauria e amar outras cores. Um dia é o Oséias. Depois Clebér. Paulo Nunes? Já foi! Evair? Como assim pulou o muro? Júnior Baiano mandou um axé, meu bem! Zinho, cadê você? Até o Paulo Paixão debandou?
Não é possível.... Do topo ao abismo sem escalas? A vida é dura, mas aí já é demais! Quando que o Palmeiras irá anunciar aqueles craques que sempre davam belos contornos nos nossos verões anteriores? 
Parece um sonho, mas não é.... acordei e estou em 05 de fevereiro de 2000. O Palmeiras enfrenta o Vasco com alguns jogadores que não seriam sequer reservas no ano anterior: Marcos, Rogério, Agnaldo, Roque Júnior, Júnior, César Sampaio, Galeano, Pena (Tiago Silva), Asprilla (Jackson), Euller e Basílio (Taddei). Espere...Basílio? Basílio? Aí já é demais! É esse semi-careca franzino que vai ser nosso atacante? Pqp... que palhaçada é essa?
O jogo começa e lá estamos nós derretendo no concreto duro do Palestra. Apoiando onze camisas com diferentes tons de verde (não sei se é a mais bonita ou bizarra camisa que já vi). Estou grogue! Foram muitas novidades futebolísticas para mim desde o início do ano.
De repente o semi-careca que poderia ser um professor de física ganha na corrida de um defensor e fuzila! Gol! Ele também devia estar mordido. Devia saber que não era culpado daquela situação, que seria a sua grande chance na carreira, mas as feridas alviverdes ainda estavam abertas. O verde imponente parecia mais hesitante do que nunca. 
Romário empata. Asprilla desempata e ganhamos! Não sei se começo a ter esperanças ou continuo desconfiando. Ah... quer saber? Já passa das 18:00, vamos comer uma pizza e relaxar um pouco! Afinal de contas, não há Mustafá que sempre dure, ou Ademir da Guia que nunca acabe!

Palmeiras 2x1 Vasco
Data: 05/02/2000
Torneio Rio – São Paulo
Local : Estádio Parque Antártica (São Paulo – SP)
Arbitro : Reinaldo Ribas
Público : Não Informado
Gols : Basílio (Palmeiras 15/1ºT), Romário (Vasco 30/1ºT) e Asprilla (Palmeiras 36/1ºT)
Expulsão : Alexandre Torres (Vasco)
Palmeiras – Marcos, Rogério, Agnaldo, Roque Júnior, Júnior, César Sampaio, Galeano, Pena (Tiago Silva), Asprilla (Jackson), Euller e Basílio (Taddei) Técnico : Luís Felipe Scolari
Vasco – Hélton, Mauro Galvão, Odvan (Maricá), Alexandre Torres, Gilberto, Paulo Miranda (Léo Lima), Amaral, Válber, Juninho, Viola (Luís Cláudio) e Romário Técnico : Alcir Portella

sábado, 7 de abril de 2012

Jogos Esquecíveis: Palmeiras 1x0 Paysandú (26/09/2002)


Falar do trágico campeonato brasileiro de 2002 é um assunto que causa dor a qualquer um de nós. Você pode até perguntar: então para que tocar em algo que deve ser esquecido? A resposta está nas linhas abaixo.
No ano de 2002 eu era adolescente e estava no auge do meu fanatismo pelo alviverde. Quando você é "moleque" as vitórias e derrotas possuem tons mais doces ou amargos e o futebol é uma grande parte de sua vida. De maneira simplista pode-se dizer que a vida são os amigos, a namoradinha, a escola e o futebol. O resto é secundário.
Pois bem, como eu era sócio do Palmeiras naquela época assisti a maioria dos jogos daquele Brasileirão. Hoje pode parecer absurdo, mas no início do campeonato eu estava confiante no título. O técnico era o Luxemburgo, tinhamos o goleiro recém-campeão da Copa, tinhamos contratado o destaque do primeiro semestre (Dodô), um grande ídolo voltava (Zinho), trazido boas promessas (Nenê e Leonardo Moura) e a base tinha jogadores que gostava na época (César (zagueiro), Arce, Itamar, etc). Com um pouquinho de sorte até que daria para disputar o caneco.
Primeira partida: empate com o Grêmio em casa (estava lá). Considerei normal apesar de ter ficado um pouco chateado. Em seguida o Luxemburgo pede demissão e vai para o Cruzeiro. Putz, e agora? Mas enfim... na segunda partida o Palmeiras empata fora contra o Cruzeiro e pensei que daria para continuar adiante sem o desertor. Terceira rodada: vitória por 3x2 sobre o São Caetano. Quem sabe? Quem sabe?
Mas o sinal vermelho acendeu para mim apenas na quarta rodada. Uma trágica derrota para o Atlético-MG por 4x0 no Palestra (também estava lá). Algo de errado estava no ar.
Daí em diante foi uma sequência de derrotas e empates que prefiro nem comentar. Tudo dava errado e o clima ficava cada vez mais pesado. Me lembro de ter saído chorando do Palestra após uma derrota para o Bahia por 2x1 com o gol da vitória deles aos 44 minutos do segundo tempo em um sábado frio e desolador.
O rebaixamento parecia uma questão de rodadas. Aquele bando de malditos jamais conseguiria sair do buraco que haviam colocado um gigante. Mas no dia 26 de setembro de 2002 a história foi diferente...
Era uma quinta-feira e o Palmeiras vinha de uma derrota para a Ponte Preta e apenas 1 vitória em 12 partidas no campeonato. Relutei em ir com meus amigos ao Palestra com medo de mais uma desolação. Mas enfim, vamos lá despejar mais um pouco de fanatismo nas arquibancadas duras do jardim suspenso...
Palmeiras x Paysandú. Logo na entrada fiquei muito surpreso: uma fila gigante e 15 mil fanáticos sofrendo e querendo ajudar de alguma forma o time. Era a hora de ir até a morte mesmo que o "paciente" estivesse em estado terminal. O amor foi incondicional e isso me recordo com carinho daquele ano.
O jogo corria amarrado, tenso e quem fizesse o primeiro gol fatalmente venceria aquele jogo de baixo nível técnico. Final do primeiro-tempo: 0x0. Estranhamente acreditava que ganharíamos a peleja pois aqueles pernetas em campo tinham ao menos que retribuir o apoio que tantos fanáticos estavam dando naquele momento.
25 minutos do segundo tempo. Nenê invade a grande área e cruza rasteiro sem direção, Itamar domina a bola meio sem jeito e fuzila! Gol! Gol! Gol!
Daí até o final foi um sufuco só. O time escaldado com tanta desgraça se retranca e chuta a bola para qualquer lado na expectativa de um sorriso naquele mar de desilusão. É aquele momento de angústia coletiva que só quem frequentou algum jogo no estádio sabe. É algo quase insuportável. Mas acabou! Ganhamos, pqp! Ganhamos, p....! Ganhamos c....!
De repente aparece uma bandeira grande de Nossa Senhora Aparecida. Algo emocionante. A fé realmente movia montanhas ou ao menos nosso time para sair das trevas. Saímos com um sentimento: no final tudo vai dar certo!
Infelizmente não deu. O time até reagiu e alternava vitórias com derrotas a partir daquela vitória. Mas fraquejou em momentos cruciais que também não vale a pena escrever aqui.
De qualquer forma guardo com carinho aquela vitória sobre o Paysandú. Se tivéssemos escapado talvez o jogo fosse lembrado com mais carinho e como o ponto de virada para evitar o pior.
Enfim... às vezes a vida não é aquele balão azul que desejamos. Mas é como diz Fernando Pessoa: "Tudo vale a pena, se a alma não é pequena". E aquele 26 de setembro de 2002 valeu muito a pena para a minha alma palestrinha. Afinal de contas foram 15 mil palmeirenses que compartilhavam juntos de um conjunto de sensações indescritíveis. Era o que nos mantia vivos e nos matava naquele momento e por toda uma vida.

Vídeo do gol: http://www.youtube.com/watch?v=8FYdXVgh0RE
Matéria sobre o jogo: http://www1.folha.uol.com.br/folha/esporte/ult92u48675.shtml

sexta-feira, 9 de março de 2012

Quem é melhor: Palmeiras ou Corinthians?


Reportagem da Placar de 25 de março de 1990. Nela a revista analisa e compara posição por posição os jogadores de Palmeiras e marginal sem número.
Abaixo o texto da comparação feita pela Placar. Vejam se concordam ou discordam:
Veloso x Ronaldo: os dois atravessam uma excelente fase, mas o potencial do goleiro palmeirense é maior.
Edson x Giba: Ambos são bons apoiadores e peças importantes no ataque. Édson, porém, é mais experiente.
Toninho x Marcelo: Se voltar com o mesmo rendimento, o central do Palmeiras leva vantagem, já que Marcelo não tem se destacado.
Eduardo x Guinei: Aqui, novamente o palmeirense se destaca. Eduardo é mais eficiente na saída de bola e cobre melhor.
Dida x Jacenir: Na marcação, os dois se equivalem, mas o lateral alviverde apóia com muito mais determinação.
Elzo x Márcio: Um duelo parelho. Ambos se destacam pela marcação forte. Márcio, porém, tem mais "gás" que Elzo.
Betinho x Eduardo: Betinho é um dos jogadores mais habilidosos do time de Jair Pereira. Eduardo, porém, precisa atacar melhor.
João Paulo x Neto: O grande problema de Neto é sua irregularidade, pois tanto quanto João Paulo, é capaz de decidir um jogo.
Careca x Tupãzinho: Careca é sempre um perigo ao gol inimigo, enquanto o corintiano trabalha mais na armação das jogadas.
Mirandinha x Valmir: O jovem Valmir mostrou talento mas ainda briga com Viola pela camisa 9. Ambos, porém, não tem a voracidade do goleador palmeirense.
Paulinho Carioca x Fabinho: Paulo Carioca é o mais veloz no ataque do Verdão e supera, tecnicamente, o rival Fabinho.

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Algumas considerações:
- Foi nesse campeonato que um certo time tricolor foi rebaixado. Alguém imagina quem foi? Será que viraram a mesa no outro ano?
- O Jair Pereira era o técnico do Palmeiras no início de 1990. Mas pelo jeito ele não durou muito. Posso estar errado, mas o Jair foi substituído pelo Telê Santana.
- O time do Palmeiras parece mesmo melhor do que o do Corinthians, mas alguém sabe quem era esse Eduardo e João Paulo (era aquele que fez dupla com o Evair no Guarani)?
- Dois jogadores que eu gostava muito Careca e Betinho. Não sei se eles eram craques ou pernetas, mas na minha mente infantil eram meus maiores ídolos entre 1990 e 1991.
- O Mirandinha era mesmo fominha? hehehe....